Responsável por revolucionar o panorama do vinho italiano nos últimos 40 anos, o produtor é chamado de “lenda” pelo editor da revista
Foto: divulgação
A edição de abril de 2024 da revista Wine Spectator traz em sua capa Angelo Gaja, uma das principais estrelas do catálogo da Mistral. Maior nome da Itália, o produtor é responsável por revolucionar o panorama do vinho em seu país nos últimos 40 anos, tendo já sido eleito “Homem do Ano” pela publicação dos Estados Unidos, além de outros veículos especializados.
Com sua genialidade e perfeccionismo, Gaja criou vinhos repletos de elegância, que colocaram o Barbaresco entre os grandes vinhos do planeta. Ele é o maior colecionador de “tre bicchieri” do Gambero Rosso e o único a receber suas “sei stelle”, o classifica em primeiro lugar isolado na Itália. Segundo o guia, "o rei do vinho piemontês, e do vinho italiano em geral, tem um só nome: Angelo Gaja. Em apenas duas décadas ele construiu um verdadeiro mito enológico, uma assinatura comparável apenas aos grandes estilistas do mundo da moda".
Marvin R. Shanken, editor e publisher da Wine Spectator chama Gaja de “lenda do mundo do vinho”. Ele fala da relação de amizade que mantém há mais de 40 anos com o produtor, que lhe parecia quieto e tímido no início, mas que ganhou confiança e se fortaleceu.
Gaja relembra quando se conheceram. “Era fevereiro de 1980. Dois meses antes, recebi um telex da Agência Italiana de Comércio, me avisando que eu tinha que receber a visita de um cara de Nova York – sem mais detalhes. Eles não me disseram que ele era um escritor de vinhos ou alguém especialmente interessado em vinho – só que ele era de Nova York e gostaria de visitar a vinícola”, diz o produtor.
O editor da revista comenta que Gaja se tornou um obcecado em convencer o norte-americano que o Barbaresco merecia um lugar à mesa entre os grandes clássicos do mundo. “Nos EUA, eu tive a impressão de que era possível construir e criar algo. Eu passava três semanas por ano no país e visitava Nova York duas ou três vezes por ano”. Isso foi nos início dos anos 1980. “Hoje, ele pode descansar sabendo que alcançou seu objetivo”, afirma Shanken.
Eles conversam sobre a primeira vez que Gaja apareceu na capa da Wine Spectator, em 1985, ao lado de Robert Mondavi, maior nome do vinho nos Estados Unidos. “A capa chamava de ‘O Encontro das Mentes’. Eu te agradeço muito, mas a mente era só ele!”, se diverte o italiano. Depois vieram outras duas capas da revista, em 1989 e 2011.
Orgulhoso do amigo, o editor da revista diz que se tivesse que escolher uma única palavra para descrever Gaja seria “carisma”. Ele conta sua história favorita com o produtor, quando – depois de muita insistência – o convenceu a fazer uma apresentação na New York’s Wine Experience, em 1991. “Em 42 anos do evento, eu nunca vi uma plateia tão atraída por um homem”.
Shanken questiona qual será o próximo capítulo da história de Gaja. “Tenho 83 anos. Estou muito perto dos 84. Sei que a eternidade não existe. Estou lentamente chegando ao fim, mas não tenho pressa! Estou com boa saúde. Trabalho quase 10 horas por dia. Sem trabalho, eu ficaria louco”, conta Gaja.
Com três filhos trabalhando no negócio da família, Gaja diz que tem muita sorte. “Estaremos todos assistindo e torcendo pelos filhos de Angelo e Lucia, Gaia, Rossana e Giovanni, à medida que avançam em suas funções na empresa”, comenta o editor da revista.
A vinícola Gaja
A história de Gaja tem início há mais de 150 anos, época em que Giovanni Gaja, bisavô de Angelo, abriu um pequeno restaurante em Barbaresco e começou a produzir e servir vinhos. Em 1859, ele fundou a vinícola, produzindo alguns dos primeiros vinhos de Piemonte a serem engarrafados e vendidos para fora.
O objetivo de Giovanni Gaja sempre foi desenvolver vinhos italianos originais, que refletissem a tradição e a cultura de quem os produziu. Com o trabalho minucioso da família, o prestígio dos vinhos de Barbaresco atingiu seu ponto máximo, alcançando a mesma fama dos vinhos da vizinha Barolo.
Os vinhedos do Piemonte, de área limitada, deixam a pequena produção destes vinhos “colecionáveis”, ainda mais disputada. Para atender à imensa procura e realizar um sonho pessoal de Angelo Gaja, a família adquiriu nos anos 1990 duas excepcionais propriedades na Toscana: Pieve de Santa Restituta, em Montalcino, e Ca’Marcanda, em Bolgheri.
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