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  • Foto do escritorViviane Campos

Curiosidades sobre vinhos: você já se perguntou de onde vêm os aromas da bebida?

Vinhos com aromas cítricos e amadeirados, com notas de cacau ou de baunilha. Afinal, de onde surgem aromas tão diversos? A sommelière da Wine responde


Foto: divulgação


Para os apreciadores de vinho, a experiência vai além do paladar. O aroma é um elemento fundamental que contribui para a degustação e a identificação de diferentes tipos e origens da bebida. Mas de onde vêm esses aromas tão distintos? Seriam ingredientes adicionados à bebida em algum tipo de alquimia ou seriam apenas invenção dos sommeliers para impressionarem os clientes? Na verdade, trata-se de pura química. 


A resposta para esta questão está nos compostos aromáticos. “Quando cheiramos o vinho, aspiramos centenas de moléculas. Cada uma delas possui um arranjo único que, para nosso cérebro, representa um dos milhares de aromas existentes. Somado a isso, cada pessoa tem a própria memória olfativa e variadas referências de aromas que são percebidos com mais facilidade. Esses aromas têm origem em diferentes etapas do processo produtivo dos vinhos e são classificados como primários, secundários e terciários”, explica Marina Bufarah de Souza, sommelière da Wine, o maior clube de assinatura de vinhos do mundo.  


Aromas primários 


Os aromas primários são aqueles provenientes da própria uva - da sua variedade, do meio onde foi cultivada e do processo de fermentação alcoólica, quando as leveduras transformam o açúcar das uvas em álcool e o suco de uva finalmente vira vinho. Nesta categoria, estão os aromas de frutas, flores, ervas verdes e temperos. O U by Undurraga Valle Central Sauvignon Blanc 2021 é um ótimo exemplar para explorar esses aromas, produzido a partir de uvas cultivadas e selecionadas de vinhedos do Vale Central chileno, seus aromas exalam frutas cítricas como limão e um leve toque herbáceo, de pimentão verde e grama, além de um frescor irresistível no paladar.



Aromas secundários 


De acordo com a especialista, os aromas secundários se formam nos processos de vinificação posteriores, como na fermentação malolática  – transformação de ácidos málicos da uva em ácidos lácteos pela ação de bactérias – e o amadurecimento em barricas de carvalho. Podemos percebê-los como manteiga, pão tostado, iogurte, baunilha, coco, cedro, entre outros. É o caso do tinto espanhol La Vanidosa D.O.Ca. Rioja Garnacha 2021, que tem tanto a fermentação malolática, quanto o amadurecimento em barricas de carvalho e vai evidenciar aromas intensos de frutas vermelhas maduras, com um toque amadeirado e balsâmico.



Aromas terciários


Já os aromas terciários são aqueles que surgem com o envelhecimento do vinho, que pode acontecer em carvalho ou na própria garrafa ao longo dos anos de armazenamento, dando origem a notas de trufas, frutas secas, couro, mel, café, folhas secas, entre outros. O Porto Burmester 10 years Old Tawny, por exemplo, é um vinho português que retrata com excelência esse envelhecimento e traz notas de frutas secas, avelã, amêndoas e mel, com perfeito equilíbrio entre acidez e doçura, o que lhe rendeu diversas premiações internacionais. 



Um rótulo interessante para explorar os três grupos de aromas no mesmo vinho é o Tensión La Ribera Cabernet Sauvignon Cabernet Franc 2019.  Vinho argentino oriundo da renomada vinícola Familia Zuccardi, contém aroma frutado, com amadurecimento em carvalho e alguns anos de envelhecimento em garrafa,  que preserva os aromas primários, revela os secundários e desperta alguns terciários. 



Para começar a perceber a diversidade dos aromas contidos nos rótulos, é preciso  treinar o olfato, experimentando diversos itens aromáticos como alimentos, temperos, plantas, flores e objetos em geral e então testar a memória olfativa e a percepção dos aromas nos vinhos.

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